Blog do Prof. Marcelo Passos
Divulgação de resultados de minhas pesquisas e comentários sobre os cenários econômico e político do Brasil e do Mundo.
quarta-feira, 1 de outubro de 2025
Exatamente como previ: A ação ordinária da Sabesp atingiu o preço-alvo que estimei
sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Previsão confirmada: a TAEE3 está no seu valor intrínseco desde 09/07/2025
Na postagem do dia 09/07/2025, elaborei um relatório da TAEE3 ou Taesa ON N2. Ela é uma das maiores empresas transmissoras de energia do país e muito reconhecida como boa pagadora de dividendos.
Neste relatório apontei que os resultados dos seis modelos de valuation por machine learning que venho rodando e divulgando aqui no blog geraram valores muito próximos, sinalizando que esta ação havia atingido o seu preço justo ou valor intrínseco, considerando as margens de erro de 2% para cima ou para baixo.
Republico aqui o gráfico com os valores intrínsecos estimados pelos seis modelos e a cotação da ação em 08/07/2025:
Pois bem, lá se vão 2 meses, aproximadamente. E os resultados mostram que nossas previsões foram certeiras.
O gráfico abaixo, com as cotações de TAEE3 de 04/07/2025 a 11/09/2025 mostra que a análise foi correta, pois a ação atingiu a máxima de R$ 11,62, em 11/09/2025 e registrou uma mínima de R$ 10,76, em 04/08/2025.
Trata-se de uma lateralização, também chamada de movimento lateral ou consolidação. Ela ocorre quando o preço de um ativo oscila dentro de uma faixa sem apresentar uma tendência clara de alta ou baixa. Durante um período, o preço se move entre dois níveis-chave: suporte (piso) e resistência (teto), para formar um canal horizontal.
terça-feira, 12 de agosto de 2025
Relatório de valuation da WEG ON N1 (WEGE3)
Este relatório de valuation é, na verdade, uma breve análise fundamentalista da WEG (WEGE3), com base nos últimos resultados disponíveis e em rankings recentes.
1) Análise financeira (2T25 / 1S25)
1.a) Receita e margens:
Receita líquida no trimestre 2T25: R$ 10,21 bilhões (+10,1% ao ano). EBITDA 2T25: R$ 2,26 bilhões (margem de 22,1%). Lucro líquido 2T25: R$ 1,59 bilhões (margem de 15,6%).
Acumulado no primeiro semestre 1S25: EBITDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) de R$ 4,43 bilhões (margem 21,9%); lucro líquido R$ 3,14 bilhões (margem 15,5%).
1.b) Liquidez
Caixa e equivalentes: R$ 5,69 bilhões (jun/25). Aplicações financeiras de longo prazo: R$ 725 milhões.
Passivo circulante: R$ 14,26 bilhões; ativo circulante: R$ 25,30 bi ⇒ Liquidez corrente de cerca de 1,77x.
Liquidez seca: (ativo circulante – estoques) / passivo circulante: cerca de 1,07x. (Cálculos a partir do balanço do 2T25.)
1.c) Endividamento
Dívida bruta (curto + longo prazos): R$ 2,58 bilhões (ex-arrendamentos). Caixa supera dívida ⇒ posição de caixa líquido de R$ 3,1 bilhões (ou R$ 3,8 bilhões, quando se incluem as aplicações). Endividamento líquido/EBITDA: negativo (empresa desalavancada).
1.d) Rentabilidade
Margem EBITDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) em 2T25: 22,1%; margem líquida 2T25: 15,6% (ambas historicamente elevadas para o setor de bens de capital).
A WEG possui um ROIC (retorno sobre o capital investido) elevado em seus produtos fabricados. A empresa sempre investiu fortemente em tecnologia e qualidade e demonstra ter alta eficiência operacional.
1.d) Investimentos (realizados e programados)
Continuidade do CAPEX em modernização e expansão de capacidade no Brasil e no México reportada em 1T/2T25.
Fábrica do México: previsão de expansão/inauguração de planta de Automação (aproximadamente 4,9 mil m²), para aumentar eficiência e atender demanda local; investimentos reportados na mídia e pela empresa.
Ciclo de transformadores: plano de investimento de R$ 1,2 bilhões (Brasil, México e Colômbia) para dobrar a capacidade global ao final do ciclo.
Fábrica em Linhares (ES, Brasil): projeto recente de R$ 160 milhões para verticalização/expansão (fabricação de fios e novo prédio industrial).
Reportagens setoriais mencionam um volume de invesimentos previstos de cerca de R$ 670 milhões em 5 anos (Brasil e México) para motores/transformadores.
2) Posicionamento de mercado
2.1) Escala global
Operações/vendas em >135 países; fábricas em 18 países; mais de 47 mil colaboradores.
2.2) Liderança e inovação
Top 10 do Valor Inovação Brasil 2024 (8º geral e 1º no setor eletroeletrônico).
1º lugar no Prêmio Broadcast Empresas (geração de valor ao acionista) em 2023.
2.3) Ranking nas “maiores do país” e valor de mercado
Valor 1000 (2024): WEG aparece entre as 1000 maiores; a publicação aponta a empresa na 40ª posição geral no ranking de 2024 em SC.
Exame – Melhores & Maiores 2024: destaque do setor de Bens de Capital.
B3 (valor de mercado): em jan/2025, WEG chegou ao 3º maior valor de mercado da B3, superando a Vale naquele momento.
2.4) Mercado
Motores elétricos, automação e T&D inseridos em mercados globais de motores e motores de baixa tensão com crescimento robusto nesta década (taxa de crescimento anual composta ou CAGR de aproximadamente 7%, a depender da fonte consultada).
2.5) Forças e ameaças.
2.5.a) Principais forças: Balanço sólido (caixa líquido, baixa alavancagem) e forte geração de caixa.
Diversificação geográfica e de portfólio (motores, automação, energia, T&D - treinamento e desenvolvimento, revestimentos) e presença global.
Eficiência operacional e histórico de ROIC/margens elevados; disciplina em CAPEX (despesas em formação de capital) e M&A (fusões e aquisições).
Inovação contínua e liderança setorial reconhecida (Valor Inovação).
2.5.b) Principais ameaças: Ciclo industrial global e capex de clientes: desacelerações podem afetar pedidos; a própria companhia reconheceu incertezas macro/geopolíticas em 2025.
Concorrência internacional (ABB, Siemens, Nidec etc.) em automação/motores, exigindo inovação constante e competitividade. (Contexto de mercado.)
Custo de insumos (ex.: cobre) e câmbio, que podem pressionar margens e capital de giro em ciclos adversos. (Risco típico do setor; inferência setorial suportada por relatórios de mercado.)
Risco regulatório/comercial (barreiras, conteúdo local, trade). (Risco setorial geral.)
3) Análise de valuation por machine learning
Computamos os valores intrínsecos desta ação com base em estimativas de seis modelos de valuation por machine learning (ML). Cinco deles são amplamente reportados na literatura sobre valuation. O sexto modelo foi desenvolvido por mim. Eu também codifiquei os outros cinco e os transformei em algoritmos de ML .
Os modelos rodados com os dados da WEG (dados dos últimos 60 demonstrativos trimestrais) foram: Myers (1974), Miles & Ezzell (1980), HPR - Harris & Pringle (1985) e Ruback (1995), Damodaran (1994), Fernández (2004 e 2008) e Passos (2025).
É importante mencionar que o objetivo do blog é apenas fazer divulgação científica. Assim, estes resultados estimados não devem ser considerados como recomendações de investimentos. Não devem ser considerados, de modo algum, como "dicas" de investimento.
Os preços-alvos da ação WEGE3, conforme as estimativas dos modelos citados, foram os que estão no gráfico a seguir. A partir dele, temos que os valores mais conservadores foram o do modelo de Damodaran (R$ 46,61) e o do modelo de Passos (R$ 46,64).
Estas estimativas podem ser traduzidas como sendo um lucro potencial (upside) de R$ 10,00 por ação, pelo modelo de Damodaran e de R$ 10,03 pelo modelo de Passos. Todavia, em termos práticos, estes valores são estatisticamente iguais, pois há uma margem de erro de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo.
Estes preços-alvos equivalem, de acordo com o segundo gráfico, a um upside (potencial de alta) de 27,33%, de acordo com o modelo de Damodaran, e de 27,41%, pelo modelo de Passos. Os demais modelos foram um pouco mais otimistas, mas também geraram estimativas idênticas, considerando a margem de erro.
Finalmente, convém ressaltar que as ações da WEG sofreram quedas recentes em razão das incertezas geradas pelos anúncios de tarifas impostas ao Brasil por Donald Trump. E que a cotação máxima de WEGE3, nas últimas 52 semanas, foi R$ 57,65, um nível acima, portanto, das estimativas geradas por estes modelos de valuation.
Isto reforça, de certa maneira, que este ativo se encontra em baixa e, em razão de seus fundamentos, é possível esperar uma alta futura.
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Trechos da entrevista do Marcos Lisboa ao Estadão
Para o economista, política adotada por Trump vai reduzir a produtividade dos EUA; ele diz também que impacto do tarifaço sobre o Brasil será ‘pior do que as pessoas estão imaginando’.
Outros países foram negociar. O Brasil tem uma dificuldade, porque, há décadas, é um país que adota práticas semelhantes às que o governo americano está propondo hoje. O Brasil não quis fazer acordo com os Estados Unidos há 25 anos, se recusou a completar o Mercosul e adota uma série de políticas protecionistas tarifárias e não tarifárias. É um dos países mais fechados ao comércio internacional e que adotou várias políticas ilegais. Vamos lembrar do Inovar Auto. A gente não tem muito lugar de fala nessa história.
Entrevista com
Marcos Lisboa - sócio-diretor da Gibraltar Consulting. Foi secretário de Política Econômica no Lula1 e presidente do Insper.
O economista Marcos Lisboa avalia que o impacto do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as exportações do Brasil será “pior do que as pessoas estão imaginando”. “Desorganiza algumas cadeias produtivas”, afirma.
Ex-secretário de Política Econômica, Lisboa diz que as políticas de Trump se assemelham às do Brasil — que mantém uma economia fechada — e aponta que o governo brasileiro não deveria adotar nenhum pacote de socorro aos setores da iniciativa privada afetados pelo tarifaço.
“No Brasil, o setor privado é muito curioso. Quando eles estão pressionados, pedem ajuda do governo. E quando passa a pressão, não querem pagar imposto. Foi assim com o Perse, foi assim na covid. Acho que a regra do Brasil deveria ser não ajudar o setor privado”, afirma Lisboa, sócio-diretor da Gibraltar Consulting.
Qual será o impacto do tarifaço dos Estados Unidos?
Acho que é pior do que as pessoas estão imaginando, porque desorganiza algumas cadeias produtivas no Brasil. E vai ser igualmente prejudicial para os Estados Unidos. O Brasil optou no passado por ser uma economia fechada. No nosso caso, construir pontes de superação desse problema vai ser mais difícil.
E quais caminhos o governo brasileiro pode adotar?
O primeiro passo é o Brasil ser uma economia aberta. O Brasil quer negociar com os países ou prefere ficar refém desse tipo de ameaça? A nossa opção por ser uma economia fechada torna a gente mais refém desse tipo de retaliação.
O presidente Lula deveria ligar para o Trump?
Não vou entrar nisso. Isso é coisa para diplomata.
Economia americana vai pagar um preço elevado. Ela vai perder produtividade. Vai deixar de ter engenheiro na costa Oeste fazendo software para montar geladeira e televisão.
E quais as consequências para a economia dos Estados Unidos com o tarifaço global?
A economia americana vai pagar um preço elevado. Ela vai perder produtividade. Vai deixar de ter engenheiro na costa Oeste fazendo software para montar geladeira e televisão. É uma perda de produtividade grande que a economia americana vai sofrer por adotar essas práticas mercantilistas semelhantes às que a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) defendeu durante décadas e que o Brasil adotou.
Os EUA estão virando o Brasil, então?
Os Estados Unidos estão copiando o Brasil. É inacreditável.
E quando fica evidente essa perda de produtividade dos EUA e os impactos na economia?
Isso demora, isso toma tempo. É um processo lento de você tirar investimento de setores produtivos e levar para setores deficientes. Olha o caso do Brexit. Quanto tempo demorou para começar a aparecer nos dados que a Inglaterra ficou mais pobre depois da saída da Comunidade Europeia? Isso tem quase uma década.
Mas como o sr. vê a negociação do governo brasileiro?
Outros países negociaram diferente do Brasil. O Brasil optou por uma agenda mais de defesa de posições. Outros países foram negociar. O Brasil tem uma dificuldade, porque, há décadas, é um país que adota práticas semelhantes às que o governo americano está propondo hoje. O Brasil não quis fazer acordo com os Estados Unidos há 25 anos, se recusou a completar o Mercosul e adota uma série de políticas protecionistas tarifárias e não tarifárias. É um dos países mais fechados ao comércio internacional e que adotou várias políticas ilegais. Vamos lembrar do Inovar Auto. A gente não tem muito lugar de fala nessa história. Se alguém quiser pegar um país como exemplo de práticas anticomércio internacional assemelhadas às que o governo Trump faz, é só olhar para o caso brasileiro.
No Brasil, o setor privado é muito curioso. Quando eles estão pressionados, pedem ajuda do governo. E quando passa a pressão, não querem pagar.
Que tipo de pacote o governo deveria apresentar aos setores prejudicados?
Nenhum pacote. No Brasil, o setor privado é muito curioso. Quando eles estão pressionados, pedem ajuda do governo. E quando passa a pressão, não querem pagar imposto. Foi assim com o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), foi assim na covid. Acho que a regra do Brasil deveria ser não ajudar o setor privado. Eles são ótimos para pedir ajuda governamental e são péssimos para pagar tributos.
Corremos o risco de ver a indústria ou alguns setores saindo dessa confusão toda mais protegidos?
Acaba ficando. Como ficou o Perse, a desoneração da folha.
E, de forma geral, como avalia o atual momento da economia brasileira?
Vejo com preocupação. Vejo como via o Brasil de 2013. É uma economia que desacelera. Os sinais de problemas contratados são grandes. Isso ainda não aparece nos indicadores macroeconômicos, mas os sinais estão aí.
É um cenário parecido com uma crise tão severa como a do segundo governo Dilma?
O setor privado, por exemplo, não está tão alavancado como no passado.
O setor privado está menos alavancado do que estava lá atrás. O governo se endividou menos do que no caso da Dilma e se comprometeu menos com subsídios. Agora, a trajetória é parecida.
terça-feira, 22 de julho de 2025
Relatório de valuation da ação VALE3 (Vale ON NM)
A ação ordinária nominativa da Vale (VALE ON NM ou VALE3) será o objeto da análise de valuation de hoje. Vamos determinar o valor intrínseco desta ação utilizando seis modelos de valuation por machine learning (ML). Cinco deles são muito conhecidos na literatura e são amplamente utilizados. O sexto modelo foi desenvolvido por mim, que também fiz a codificação dos outros cinco em algoritmos de ML .
Os modelos rodados com os dados da Vale (dados dos últimos 60 demonstrativos trimestrais) são: Myers (1974), Miles & Ezzell (1980), HPR - Harris & Pringle (1985) e Ruback (1995), Damodaran (1994), Fernández (2004 e 2008) e Passos (2025).
É importante destacar que o foco do blog é fazer divulgação científica. Assim, estes resultados estimados não devem ser considerados como recomendações de investimentos. Não são, de forma alguma, "dicas" de investimento.
Inicialmente, alguns breves comentários sobre a situação econômico-financeira da empresa, dentro de uma perspectiva fundamentalista.
Em termos de lucratividade, a Vale apresentou um ROE (return on equity ou rentabilidade do patrimônio líquido) de 44,44% no primeiro trimestre de 2025. E a média do ROE nos últimos 12 trimestres foi de expressivos 73,64%. Ainda no primeiro trimestre (Q1) deste ano, a Vale gerou uma receita de US$ 8,12 bi (queda de 4% em relação ao ano anterior), além de um EBITDA ajustado de US$ 3,12 bi (–9%) e lucro líquido de US$ 1,396 bi (–17%) .
Em 2024, o EBITDA totalizou US$ 15,4 bi (queda de 22% em relação à 2023) e o Free Cash Flow (FCF) recorrente de US$ 817 mi (redução de mais de 2,2 bi), gerando um retorno de FCF de cerca de 10,4%.
A companhia distribuiu em dividendos em 2024 o valor de US$ 4,36 bi. E programou nova recompra, no início de 2025, de até 120 milhões de ações (aproximadamente cerca de US$ 1,98 bi, em valor anualizado). Seu dividend yield é atualmente de 8,50%.
Em relação ao endividamento, a relação dívida líquida/ativo total, em 31/12/2025, foi de 14,62% e razão dívida líquida/EBITDA foi de 123,34% (era de 117,88%, em 31/12/2024). Mas a empresa possui capacidade de pagamento suficiente para manter esse nível de uso de capitais de terceiros, pois sua liquidez geral tem sido sempre próxima de 0,55 a 0,58, já há vários trimestres consecutivos. E sua liquidez corrente tem se mantido em torno de 1,10 a 1,15 também ao longo de vários trimestres.
A Vale é classificada entre as 5–6 maiores mineradoras globais por receita. Em um ranking de 2023/2024, a companhia ficou em 6º lugar com receita de US$ 41,46 bi, atrás de Glencore, Jiangxi Copper, BHP, Rio Tinto e Aluminum Corp of China. É a maior produtora mundial de minério de ferro e níquel, com presença global e integração vertical por meio de ferrovias e portos próprios.
Em relação ao seu foco de longo prazo, a companhia elaborou a estratégia “Vale 2030” , que visa crescimento alinhado à transição energética, com metas de manutenção de alta rentabilidade, gestão de capital disciplinada e ações efetivas de ESG. Seu planejamento está assentado em três pilares:
1) Maximizar valor do minério de ferro com produtos premium, como pellets e briquetes verdes;
2) Expandir a base de metals (níquel e cobre) para abastecer o setor de veículos elétricos e energia limpa;
3) Fortalecer a governança ESG e as ações de segurança, incluindo desativação de barragens e cumprimento das metas de carbono (neutralidade até 2050, redução de 33% até 2030).
O novo CEO Gustavo Pimenta destaca o alinhamento da empresa com as metas ambientais e de desenvolvimento do governo brasileiro. Ele projeta a execução de um plano de investimentos de cerca de R$ 70 bi (aproximadamente US$ 12,8 bi) no “Programa Novo Carajás”, que conta com projetos como Serra Sul, que já se encontram na fase de 73% de execução e tem a meta de elevar a produção a 200 mil toneladas de minério e 350 mil t de cobre ao ano.
Em relação às ações de segurança, a mineradora eliminou em 2024 quatro barragens e concluiu cerca de 57% do programa de desativação de barragens de risco. Ela mantém uma meta de ainda eliminar as de emergência nível 3 até o fim de 2025. Ainda em 2024, a Vale investiu US$ 533 milhões na desativação de barragens. E em 2023, este valor atingiu mais de US$ 458 milhões. Foram ações necessárias, em razão das tragédias do passado, mas que impactaram no maior endividamento da empresa.
Os preços-alvos da ação VALE3, conforme as estimativas dos modelos mencionados, foram os que estão no gráfico a seguir. Nele, observamos que os valores mais conservadores foram o do modelo de Damodaran (R$ 66,14) e o do modelo de Passos (R$ 66,69).
Em termos monetários, tais estimativas significam um lucro potencial de R$ 10,09 por ação, pelo modelo de Damodaran. Já pelo modelo de Passos, esse lucro é um pouco maior: de R$ 10,64. Na prática, no entanto, podemos considerar estes valores como iguais, considerando a margem de erro de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo.
Finalmente, lembramos que VALE3 foi um ativo que teve uma alta, até esta data de 21/07/2025, de 6,77% neste ano; 5,75% neste mês de julho e de 2,73% neste dia mencionado.
Portanto, consideramos que, mesmo com esta trajetória recente de alta, a ação ainda está descontada em relação ao seu valor intrínseco, isto é, ela pode subir até atingir o preço-alvo mencionado.
Na semana que vem, divulgaremos uma nova análise de valuation aqui no blog. Bons investimentos!
quarta-feira, 9 de julho de 2025
Relatório de valuation por machine learning da Taesa ON N2 (TAEE3)
A análise de valuation de hoje vai se concentrar na determinação do valor intrínseco da ação ordinária da Transmissora Aliança de Energia Elétrica - Taesa ON N2 (TAEE3).
Novamente, os cálculos foram feitos com base em seis seis modelos de valuation por machine learning (ML). Cinco destes modelos são considerados como os mais influentes da literatura sobre o tema. O sexto modelo foi desenvolvido por mim, assim como a elaboração dos outros cinco modelos em ML . São eles: Myers (1974), Miles & Ezzell (1980), HPR - Harris & Pringle (1985) e Ruback (1995), Damodaran (1994), Fernández (2004 e 2008) e Passos (2025).
Novamente, a intenção do blog é apenas fazer divulgação científica. Portanto, estes resultados estimados não devem ser considerados como recomendações de investimentos. Não são, portanto, "dicas" e quaisquer decisões sobre investimentos neste ativo não poderão ser atribuídas às análises aqui feitas.
As estimativas de upsides (altas potenciais) da ação TAEE3 (Taesa ON N2) estão no primeiro gráfico. Quatro modelos (Myers, Miles & Ezzell, Harris/Pringle & Ruback e Fernández) apresentaram resultados potenciais positivos. Porém, todos eles estão muito próximos ou abaixo da margem de erro (de 2 pontos porcentuais para cima e para baixo). Isto é, na prática, não podem ser considerados como estimativas otimistas.
E, por outro lado, dois modelos mais conservadores - o de Damodaran e o modelo que desenvolvi (Passos) - apontam para potenciais de queda (downsides) de, respectivamente, -14,35% e -8,26%. Estes dois resultados corroboram a análise de que não há, em termos mais rigorosos, potencial de alta na referida ação. Resta saber que se TAEE3 está próxima do seu valor intrínseco ou não. Veremos isto no próximo gráfico.
O segundo gráfico mostra os resultados de preço-alvo do referido ativo. Podemos ver, na comparação das estimativas de preços-alvos com o preço de fechamento da ação em 08/07/2025, que elas nos permitem supor que, no máximo, a ação está próxima do seu valor intrínseco ou até um pouco acima, considerando novamente a margem de erro de 2 pontos porcentuais para cima e para baixo.
terça-feira, 1 de julho de 2025
Relatório de valuation por machine learning da Petrobras ON (PETR3)
Dando sequência às divulgações das pesquisas sobre avaliação de ações, trago novos resultados obtidos por meio de seis modelos de valuation por machine learning (ML). Cinco destes modelos são considerados como os mais influentes da literatura sobre o tema. O sexto modelo foi desenvolvido por mim. A implementação dos cinco modelos em ML também é uma contribuição minha. São eles: Myers (1974), Miles & Ezzell (1980), HPR - Harris & Pringle (1985) e Ruback (1995), Damodaran (1994), Fernández (2004 e 2008) e Passos (2025).
Utilizei os seguintes softwares para computar as análises da ação PETR3 (Petrobras ON): o RStudio, para a coleta dos dados (web scraping) ; o Wolfram Mathematica, para a modelagem mais complexa dos cálculos de valuation e dos algoritmos de ML e, finalmente, o Excel para a elaboração dos gráficos.
Ressalto que, quando publico estes resultados, estou fazendo apenas divulgação científica. Nesse sentido, eles não são recomendações de investimentos, ok? Portanto, não devem ser considerados como "dicas" ou análises para balizar aplicações no referido ativo.
Isto posto, vamos então estimativas de upsides da ação PETR3 (Petrobras ON) e alguns comentários sobre esta empresa.
O primeiro gráfico mostra que as estimativas de preços-alvos da PETR3 computadas pelos 6 modelos e o seu preço de fechamento em 01 de julho de 2025. Observe que o preço-alvo mais conservador, isto é, aquele com menor desvio-médio em relação ao preço de fechamento, foi o do modelo de Damodaran (1994), que o estimou em R$ 44,73. Os outros modelos estimaram valores entre o R$ 45,22 (o VA Model, modelo concebido por mim) e o valor máximo de R$ 46,17, conforme o modelo de Fernández (2004 e 2008).
Exatamente como previ: A ação ordinária da Sabesp atingiu o preço-alvo que estimei
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